Em tempos de isolamento social, é normal que as crianças comecem a apresentar sinais de cansaço por ficar tanto tempo em casa, como a ansiedade.
Alguns sintomas que podem aparecer nos pequenos, nesta fase, são dificuldade para dormir, se alimentar mal, deixar de brincar, ficarem mais chorosos e até regredir em alguns comportamentos já superados, como chupar chupeta.
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Segundo o psicólogo-psicanalista Claudio Oliveira, orientador educacional no Colégio Humboldt, em São Paulo, é importante ter em vista que sentir ansiedade e medo é normal, principalmente em uma situação como esta. Afinal, é o medo de adoecer que nos faz usar máscara e ficar em casa, por exemplo. Se não tivermos medo de morrer não vamos ao médico e não nos cuidamos.
O problema surge quando a ansiedade entra em um nível que paralisa e provoca uma angústia excessiva. Por exemplo, se a criança sabe que tem que lavar a mão, esse é um comportamento protetivo. Mas, se ela começa a ficar com medo de tocar em qualquer coisa dentro de casa ou entra em pânico cada vez que um dos pais sai para ir ao mercado, essa ansiedade pode começar a se tornar patológica.
Para o psicólogo, a primeira coisa a fazer quando a criança começar a apresentar esses sinais de ansiedade é acolher e conversar. “É importante abrir um espaço para diálogo”, diz.
Em segundo lugar, é recomendado estimular que a criança brinque bastante em casa. “O brincar é uma forma da criança lidar e entender o mundo, um modo de expressão”, diz Oliveira. Por isso, é interessante brincar junto com a criança, criando momentos de proximidade com ela.
Outra dica do psicólogo é conversar sobre a pandemia de coronavírus, de forma lúdica e adequada para a idade, pois isso pode ajudar a aplacar a ansiedade em crianças. “É importante falar sobre a situação sem banalizá-la, mas mostrando que a criança está sendo cuidada pelos pais e que tudo isso vai passar”, afirma.
É recomendado fazer perguntas para descobrir o que exatamente está causado aflição na criança, e ir respondendo essas dúvidas conforme elas surgem, sem inundar o pequeno de informações.
Caso nenhuma dessas atitudes aplaque a ansiedade da criança, aí é hora de procurar uma ajuda profissional. Muitos profissionais da saúde mental estão fazendo atendimentos online durante a quarentena.
A ansiedade é como uma febre. Você não vai correr para o pronto-socorro ao primeiro sinal de febre. Mas, se a febre ficar muito alta ou se tornar persistente, aí é hora de procurar um médico. O mesmo vale para os sinais de medo e ansiedade.
Quanto aos comportamentos regressivos, como voltar a usar chupeta depois de já tê-la deixado, Claudio Oliveira acredita que é preciso ter uma certa tranquilidade ao lidar com essa situação. “Tem que ter sensibilidade, é compreensível que ocorra esse tipo de regressão, assim como os adultos também estão comendo mais, ou dormindo mal”, diz.
Por isso, é importante que os adultos olhem para si mesmos também. Não é o caso de culpar os pais pela ansiedade dos filhos, mas se o medo dos adultos sair de controle, isso pode afetar negativamente as crianças. “É importante que os pais cuidem da própria saúde mental”, diz Claudio Oliveira.